Trata-se de
uma dicotomia que consiste nas relações entre dois elementos linguísticos: o
paradigma e o sintagma. Vamos definir tais domínios: segundo essa dicotomia -
não apenas frases, mas também palavras e até signos extralinguísticos -,
possuem dois eixos: um de seleção e outro de combinação. Na frase "Eu
comprei um carro novo", há possibilidades combinatórias claras, tais como
"Um carro novo eu comprei" (mudança de ordem das palavras) ou outras,
como ao acrescentarmos novos termos à oração. Também há quase inumeráveis
possibilidades seletivas, tais como: "eu / ele / tu / João / Dina -
comprou / vendeu / roubou / explodiu - um / dois / três / muitos - carros /
foguetes / caminhões - novos / velhos / antigos / raros". O eixo de
seleção proposto pela relação paradigmática, então, corresponde às palavras que
podem ocupar determinado lugar em uma sentença.
O paradigma
não é qualquer associação de signos pelo som e pelos sentidos, mas uma série de
elementos linguísticos suscetíveis de figurar no mesmo local do enunciado, se o
sentido for outro. Assim, no enunciado foi teu avô, no lugar de teu, poderiam
figurar, se o sentido do enunciado fosse outro, os termos seu, meu, nosso, o,
um etc. Esses elementos constituem um paradigma, do qual o falante seleciona um
termo para se encaixar no enunciado.
Por outro
lado, no sintagma não se combinam quaisquer elementos aleatoriamente. A
combinação no sintagma obedece a um padrão definido pelo sistema. Assim, por
exemplo, podem-se combinar um artigo e um nome e, nesse caso, o artigo deve
sempre preceder o nome. Em português, é possível a combinação o irmão, mas não
a combinação irmão o.
Por essa
razão, não se deve confundir paradigma com língua e sintagma com fala. Tanto um
quanto outro pertencem ao sistema, aquele por estabelecer os elementos que
podem figurar num dado ponto da cadeia falada e este por obedecer a um padrão
rígido de combinação.