Também
denominada literatura algorítmica, generativa ou virtual, a ciberliteratura
designa aqueles textos literários cuja construção baseia-se em procedimentos
informáticos: combinatórios, multimidiáticos ou interativos. Fazendo uso das potencialidades
do computador como máquina criativa que permite o desenvolvimento de estruturas
textuais, em estado virtual, atualizando-as até ao infinito, a ciberliteratura
utiliza o computador de forma criativa, como manipulador de signos verbais e não
apenas como simples armazenador e transmissor de informação.
Deste modo, a ciberliteratura distingue-se
da literatura digital(izada), constituindo esta uma hipertextualização de
estratégias textuais pré-existentes, em que se verifica uma transição do papel
para o pixel em termos meramente técnicos, e ficando aquela dependente de uma
construção cibernética ou hipermediática que promove novos modos de escrita e
de leitura. Neste sentido, interessa ao ciberautor promover as potencialidades
gerativas de um algoritmo, que pode ter uma base combinatória, aleatória,
estrutural, interativa ou mista, e permitindo assim o funcionamento do
computador como "máquina aberta". Essa "máquina semiótica"
de que nos falava Pedro Barbosa altera profundamente todo o circuito
comunicacional da literatura.
A ciberliteratura, através da literatura
gerada por computador ou da poesia animada interativa, promove, portanto, a
experimentação e o jogo, recriando profundamente conceitos de texto e
interpretação, e laborando na senda das vanguardas históricas e dentro do
espaço inaugurado pelo experimentalismo universal e intemporal da escrita, da
imagem e do som.
O meio digital apresenta-se assim como um
campo vasto de possibilidades para a interligação dinâmica de elementos
previamente dispersos, onde esse tecido de citações e espaço de dimensões
múltiplas se materializa, engendrando-se ao nível do experimentalismo literário
como uma ferramenta de ampliação de espaços e reconfigurações do pensamento, da
ação e do sentimento.
A seguir
citaremos alguns poetas portugueses que utilizam de tecnologias e mídias para a
realização de seus trabalhos.
Ernesto
Manuel Geraldes de Melo e Castro é
professor, poeta e ensaísta. É um nome consagrado na poesia experimental e
visual, como infopoemas, e podemos vê-lo falando sobre esses poemas no vídeo
abaixo:
A obra de Ana Hatherly evidencia a assimilação do
experimentalismo internacional característico da década de 1960, designadamente
através da espacialização da palavra e da exploração caligráfica da relação
entre desenho e escrita, mas também uma grande versatilidade de gêneros, formas
e estilos. Uma intensa auto reflexividade é visível em ciclos de permutações
paródicas, no desenvolvimento de formas como o poema-ensaio e a micro narrativa,
e na desconstrução de uma subjetividade feminizada. A atenção à dimensão
plástica e gestual da escrita está patente quer em séries recolhidas em livro,
quer nos desenhos e (des)colagens, quer ainda nos filmes e ações poéticas que
realizou. A sua investigação acadêmica contribuiu decisivamente para uma
revisão da leitura da poesia barroca em Portugal e para o conhecimento da
história da poesia visual.
Algumas de
suas obras:
Fernando Aguiar contribuiu
decisivamente para a divulgação e afirmação nacional e internacional da poesia
experimental portuguesa. Em sua obra, que se inicia na década de 1970,
encontramos uma intersecção singular entre escrita, pintura, instalação e
performance. O desenho e os processos de inscrição da letra são desenvolvidos
num constante contraponto entre a pura visualidade plástica da pintura e da
colagem, por um lado, e a sua presentificação corporal através de modos de
interação participativa e presencial que envolvem público, autor e signos. A
presença performativa e tridimensional da letra e da palavra manifesta-se
igualmente em projetos de instalação e de arte pública, como é o caso do parque
Soneto Ecológico (1985, 2005), plantado em Matosinhos em 2005. A experimentação
visual e sonora com a palavra ocorre ainda sob a forma de livros, mas é no
desenvolvimento de uma poética da performatividade presencial do sujeito e da
palavra e numa pesquisa plástica e pictórica da letra que a sua obra mais se
singulariza.
Algumas
de suas obras:
Larissa de Carvalho.
Olá, pessoal. Vejo que já há várias postagens. Continuem assim, bom trabalho. Lembrem-se de estabelecer uma discussão sobre os conteúdos por meio dos comentários.
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