terça-feira, 15 de maio de 2018

Análise do livro "Novas Palavras"



Análise do livro Novas Palavras

O Plano Nacional do Livro Didático (PNLD) existe desde 1929 e é um programa do Governo Federal que oferece livros didáticos aos alunos e professores de escolas públicas dos ensinos fundamental e médio, gerenciado pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), órgão federal responsável pela execução dos planos de distribuição dos livros didáticos de apoio educativo. O ensino médio foi incluído apenas em 2004, formando o Programa Nacional do Livro Didático para o Ensino (PNLEM).
Uma comissão é formada para a escolha do livro que mais corresponde aos critérios do  PNLD, como correção de conceito, informação e procedimento propostos como objetivo de ensino e aprendizagem, coerência e adequação da abordagem teórica-metodológica, respeito a preceitos legais e jurídicos, bem como a princípios éticos necessários para a construção da cidadania. Temos um novo currículo para o ensino médio brasileiro, onde a intenção é dar significado ao conhecimento escolar, mediante a contextualização, evitar a compartimentalização, mediante a interdisciplinaridade e estimular por meio de incentivo ao raciocínio e a capacidade de aprender, já que o ensino nas escolas públicas brasileiras tende a ser descontextualizado e compartimentalizado, baseando-se no acúmulo de informação. A proposta é que os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (PCNEM) estimulem e apoiem a reflexão sobre as práticas de ensino e aprendizagem pedagógicas.
Analisaremos  esta concepção de ensino e aprendizagem na literatura, em como ela nos é transmitida através dos livros didáticos e como tais estão em sintonia com as recomendações dos PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais) nas diversa formas de contextualizar a literatura em nossa realidade estimulando o interesses dos alunos de forma interativas por meio de leitura, produção textual, etc.
Analisamos o capítulo 4, A segunda geração modernista brasileira: poesia, do livro Novas Palavras 3º Ano, dos autores Emília Amaral, Mauro Ferreira, Ricardo Leite e Severino Antônio, publicado pela editora FTD em 2016, na cidade de São Paulo. A edição analisada é a terceira edição do mesmo. O livro faz parte de uma coleção composta por 3 livros, um para cada ano do ensino médio e divide-se em três partes: Literatura, Gramática e Leitura e produção de textos.
 É um livro dinâmico e moderno, faz uso de linguagem atual e acessível, com foco na literatura e estudo dos autores de cada movimento literário, montado em ordem cronológica, sempre incluindo uma breve biografia e exemplo de obras dos autores, o que facilita o entendimento do conteúdo e amplia a visão dos alunos. 
Além de autores famosos e canônicos, o livro traz alguns menos conhecidos, o que demonstra diversidade de conteúdo e instiga a mente dos alunos. Ao final de cada explicação, são propostos alguns exercícios de interpretação e uma boa parte deles pedem que o aluno retome algum conteúdo que já foi dado ou pense em diferentes obras de forma comparativa ou associativa, isso faz com que o aluno esteja sempre acessando os conhecimentos dados, impedindo que entre em desuso e esquecimento, além de fazê-lo pensar de forma crítica. Além disso, os exercícios pedem a análise dos textos propostos de forma comparativa e relacional de diferentes contextos históricos, resultando na interdisciplinaridade. Todas esses aspectos estão presentes na Resenha do Guia Nacional do Livro Didático.
Ele é reutilizável e não possui espaço para anotações, pedindo que as atividades sejam feitas no caderno ou em forma de debate, dessa forma ele poderá ser utilizado por mais tempo e por mais pessoas. Além do livro físico, ele conta com o guia dos professores em formato digital, conforme definido pela PNLD.

Link do blog: https://unipletras2016.blogspot.com.br/

Bibliografia
AMARAL, Emília; FERREIRA, Mauro; LEITE, Ricardo; ANTÔNIO, Severino. A segunda geração modernista brasileira: poesia. In: AMARAL, Emília; FERREIRA, Mauro; LEITE, Ricardo; ANTÔNIO, Severino. Novas Palavras. 3. ed. São Paulo: FTD, 2016. cap. 4, p. 76-92. v. 3.
SEM AUTOR. PNLD 2018. Disponível em: <http://www.fnde.gov.br/pnld-2018/>. Acesso em: 11 abr. 2018.
SEM AUTOR. Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (PCNEM). Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/expansao-da-rede-federal/195-secretarias-112877938/seb-educacao-basica-2007048997/12598-publicacoes-sp-265002211>. Acesso em: 11 abr. 2018.


Nome: Fabio Junior Morais Cunha            RA: N795DC-9               Turma: LB5P02
Nome: Larissa Veras de Carvalho              RA: N876HB-0               Turma: LB5P02
Nome: Letícia Fernandez da Silva             RA: N1009F-5               Turma: LB4P02
Nome: Melisa Garcia Cita                           RA: T3322E-2               Turma: LB4P02
Curso: Letras (bacharelado)                             Ano:01/2018              
Disciplina: Atividades Práticas Supervisionadas (APS) vinculada à Literatura Brasileira: Poesia
Professora: Sueli Salles

quarta-feira, 1 de novembro de 2017

Língua Portuguesa e LIBRAS - Flexão Verbal


Neste trabalho iremos analisar as diferenças encontradas na flexão verbal entre a Língua Portuguesa e LIBRAS a Língua Brasileira de Sinais.
Em Língua Portuguesa encontramos o morfema, que é uma das unidades mínimas da língua. Os morfemas são divididos em dois principais grupos:
1.    Morfema lexical: é a parte que carrega o significado, que se encontra fora da língua.
2.    Morfema gramatical: são as unidades que possuem uma função gramatical dentro da língua.
Referente aos morfemas gramaticais, eles são subdivididos em quatro grupos:
·         Morfema gramatical classificatório
·         Morfema gramatical derivacional
·         Morfema gramatical relacional
·         Morfema gramatical flexional

Neste trabalho iremos analisar somente o morfema gramatical flexional no tocante a flexão verbal (pessoa e número; modo e tempo).
As línguas de sinais possuem uma estrutura gramatical diferente das línguas de modalidade oral. Em LIBRAS encontramos os seguintes parâmetros:
·         Configuração de mão: é o formato adotado pela mão para executar um ou mais sinais.
·         Ponto de articulação: é o lugar onde incide a mão predominante configurada, ou seja, local onde é feito o sinal, podendo tocar alguma parte do corpo ou estar em um espaço neutro.

·         Movimento: os sinais podem ter um movimento ou não. Por exemplo, os sinais PENSAR e EM-PÉ não tem movimento; já os sinais EVITAR e TRABALHAR possuem movimento.

·         Orientação da palma: é a direção que a palma da mão adota para realizar o sinal.

·         Expressões não manuais: são pelas expressões faciais e corporais que a entonação, as emoções e a pontuação são transmitidas nas línguas de sinais, assim como o registro de voz quando, por exemplo, está sendo realizada a interpretação de uma palestra.

Em Língua Portuguesa a flexão verbal se da na estrutura do verbo com a adição de morfemas que classificam o verbo em pessoa e número e em modo e tempo como no exemplo abaixo:
Temos no infinitivo o verbo JOGAR. Ao conjuga-lo encontramos a adição de um ou mias morfemas gramaticais como em:
JOGAMOS referente à pessoa e número
JOGAVAMOS, referente a modo e tempo.

Em LIBRAS a flexão verbal difere, pois as alterações não ocorrem na estrutura do verbo. Quando é feira uma transcrição de LIBRAS para a Língua Portuguesa os verbos são mantidos no infinitivo e as frases obedecem a estrutura da LIBRAS:
Ex.: EU QUERER CURSO
VOCÊ GOSTAR CURSO? (Você gosta do curso?)
Os verbos em LIBRAS sofrem flexão de pessoa e número por meio das expressões não manuais, do ponto de articulação e do movimento do sinal.
Segundo QUADROS e KARNOPP (2004), os verbos na língua de sinais brasileira estão divididos nas seguintes classes:


3.1 VERBOS SIMPLES
         São verbos que não se flexionam em pessoa e número e não incorporam afixos locativos. Alguns desses verbos apresentam flexão de aspecto. Todos os verbos ancorados no corpo são verbos simples. Há também alguns que são feitos no espaço neutro. Exemplos dessa categoria são:


 AMOR            APRENDER         GOSTAR            SABER             ACOSTUMAR




3.2 VERBOS COM CONCORDÂNCIA (ou verbos direcionais)

           São os verbos que se flexionam em pessoa, número e aspecto, mas não incorporam afixos locativos. Exemplos dessa categoria são:


                



Apostila vocábulos básicos de LIBRAS - Professora Ana Claudia dos Santos Camargo - UNIP 2015


           Esses verbos são subdivididos em concordância pura e reversa (backwards). Os verbos com concordância apresentam a direcionalidade e a orientação. A direcionalidade está associada às relações semânticas (source/goal). A orientação da mão voltada para o objeto da sentença está associada à sintaxe marcando Caso.


Ex.:

“Eu pergunto para você.”    “Você pergunta para mim.”
https://pt.slideshare.net/thiagomagro/apostila-5892943







“Eu aviso você.”                    “Você me avisa.”.
https://pt.slideshare.net/thiagomagro/apostila-5892943






Verbos direcionais que incorporam o objeto
Ex.:
TROCAR
TROCAR-SOCO/TROCAR-BEIJO/TROCAR-TIRO/TROCAR-COPO

3.3 VERBOS ESPACIAIS (+LOC)

          São verbos que têm afixos locativos. Exemplos dessa classe são COLOCAR, IR, CHEGAR.
Temos também os verbos manuais (verbos classificadores). Estes verbos usam classificadores e incorporam a ação. Exemplos dessa classe de verbos são: COLOCARBOLO- NO-FORNO; SENTAR-NO-MURO; PASSAR-ROUPA; PINTAR-PAREDE-ROLO; REGAR-PLANTAS-MANGUEIRA

3.4 VERBOS INSTRUMENTAIS


Os verbos instrumentais são outro grupo especial de verbos da libras. Esse grupo de verbos é mais complexo e exigem muita atenção para poder compreendê-los e usá-los adequadamente. Em português não há nada parecido.
Os verbos instrumentais são verbos no qual o formato do instrumento que está sendo usado para realizar aquela ação modifica o formato da configuração da mão. Por exemplo, o verbo CORTAR. Em português o verbo “cortar” exprime uma ação onde algo está sendo partido pela ação desse instrumento. Em libras não encontramos o verbo “cortar” isolado, ele está sempre ligado ao instrumento que está sendo utilizado para realizar uma determinada ação de cortar. Sinalize os exemplos abaixo. EX:


 https://pt.slideshare.net/lemesilvana/au 1


Referências bibliográficas:


Quadros, Ronice Muller de. Pizzio, Aline Lemos. Rezende, Patrícia Luiza Ferreira. – Língua Brasileira de Sinais I – Universidade Federal de Santa Catarina – 2009.

Felipe, Tanya Amara. “Estudos linguísticos  - Os processos de formação de palavras na LIBRAS”. Artigo – Universidade Federal de Pernambuco – 2006.

Camargo, Ana Claudia. LIBRAS – Língua Brasileira de Sinais. Unidade I. – UNIP 

sábado, 20 de maio de 2017

Análise de poema

Adeus

Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mãos à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas
em esperas inúteis.

Meto as mãos nas algibeiras
e não encontro nada.
Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro!
Era como se todas as coisas fossem minhas:
quanto mais te dava mais tinha para te dar.

Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes!
E eu acreditava!
Acreditava,
porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.
Mas isso era no tempo dos segredos,
no tempo em que o teu corpo era um aquário,
no tempo em que os teus olhos
eram peixes verdes.
Hoje são apenas os teus olhos.
É pouco, mas é verdade,
uns olhos como todos os outros.

Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor...
já não se passa absolutamente nada.

E, no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.

Não temos nada que dar.
Dentro de ti
Não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.

Adeus.

Eugénio de Andrade - “Poesia e Prosa” (1940 – 1986)

            Eugénio de Andrade é o pseudônimo do poeta, escritor e tradutor contemporâneo português Jose Fontinhas (1923 - 2005), conhecido pelo lirismo retratado em sua obra.
            Seu poema “Adeus” trata sobre um amor que se esgota, se acaba, como apontado no início do poema pelo eu lírico em “e o que nos ficou / não chega para afastar o frio de quatro paredes”, desse amor outrora intenso não resta nada. Ao fazer uso extensivo do verbo “gastar” ele expõe o desgaste do relacionamento – em lágrimas, em esperas, em palavras. Recorda que no “tempo dos segredos ” acreditava que tudo era possível, que seus olhos eram como peixes verdes e o corpo da pessoa amada era um aquário – seu lar – mas que agora são apenas olhos, como quaisquer outros; que todas as coisas estremeciam ao murmurar seu nome, porém já não sente mais nada disso, que nenhum dos dois tem nada para dar.
            Constata então que “o passado é inútil como um trapo”, ou seja, que não há sentido relembrar tudo o que foi, pois isso não mudará o que é no presente, onde “as palavras estão gastas”, bem como o amor que existiu, de forma que a única saída possível é o fim, o adeus.





Melisa Garcia Cita

terça-feira, 16 de maio de 2017

Análise de poema

Desastre (Cesário Verde)
Ele ia numa maca, em ânsias, contrafeito,
Soltando fundos ais e trêmulos queixumes;
Caíra dum andaime e dera com o peito,
Pesada e secamente, em cima duns tapumes.

A brisa que balouça as árvores das praças,
Como uma mãe erguia ao leito os cortinados,
E dentro eu divisei o ungido das desgraças,
Trazendo em sangue negro os membros ensopados.

Um preto, que sustinha o peso dum varal,
Chorava ao murmurar-lhe: "Homem não desfaleça!"
E um lenço esfarrapado em volta da cabeça,
Talvez lhe aumentasse a febre cerebral.

Findara honrosamente. As lutas, afinal,
Deixavam repousar essa criança escrava,
E a gente da província, atônita, exclamava:
"Que providências! Deus! Lá vai para o hospital!"

Por onde o morto passa há grupos, murmurinhos;
Mornas essências vêm duma perfumaria,
E cheira a peixe frito um armazém de vinhos,
Numa travessa escura em que não entra o dia!

Um fidalgote brada e duas prostitutas:
"Que espantos! Um rapaz servente de pedreiro!"
Bisonhos, devagar, passeiam uns recrutas
E conta-se o que foi na loja dum barbeiro.

Era enjeitado, o pobre. E, para não morrer,
De bagas de suor tinha uma vida cheia;
Levava a um quarto andar cochos de cal e areia,
Não conhecera os pais, nem aprendera a ler.

O mísero a doença, as privações cruéis
Soubera repelir - ataques desumanos!
Chamavam-lhe garoto! E apenas com seis anos
Andara a apregoar diários de dez-réis.

Anoitecera então. O féretro sinistro
Cruzou com um coupé seguido dum correio,
E um democrata disse: "Aonde irás, ministro!
Comprar um eleitor? Adormecer num seio"?

E eu tive uma suspeita. Aquele cavalheiro,
- Conservador, que esmaga o povo com impostos -,
Mandava arremessar - que gozo! estar solteiro! -
Os filhos naturais à roda dos expostos...



Análise:
Escritor realista que, neste poema em especial, faz uma crítica, social, política e econômica.  Que através de soluções estéticas e poéticas descreve o cotidiano enfatizando o social, o caos urbano, traduzido numa linguagem objetiva e de dimensão realista articulado entre o físico do moral.
Sua poesia trás aspectos negativos e trágicos de uma sociedade, injustiça sociais que vemos no caso da criança que não lhe é dada o devido respeito e é tratada com total indiferença.  Algo muito presente em suas construções é o fator "humilhação", que no trecho "Aonde irás, ministro! / Comprar um eleitor?" Cesário percebe esta situação pela exploração infantil de uma criança descendente de escravos, ajudante de pedreiro que morrera de forma trágica e ignorada pela população.


Fábio Júnior.

sábado, 6 de maio de 2017

Cantiga Portuguesa

Aparentemente é uma cantiga de “jogo do amor” (paixão/dor estridente, parece que não tem vida sem o(a) amado(a).
Na cantiga de amigo a voz em destaque é o homem que sente a falta da amada. Esse tipo de cantiga destaca as qualidades da amada mulher.
Nas cantigas de amigo o eu lírico é um homem, o principal tema e lamentação é a falta que a amada faz.
Geralmente as cantigas são criadas por um membro da nobreza e cantadas pelos trovadores (os poetas da época).
Primeira forma de manifestação literária em Portugal, o Trovadorismo teve início na Alta Idade Média, período em que a Igreja tinha grande poder econômico, político e religioso, controlando as leis, a vida de toda a sociedade e a cultura.
O Trovadorismo surgiu em meio à sociedade feudal da época.
Os suseranos eram os senhores feudais que de tinham a posse das terras.
Em grande parte, eram membros da alta nobreza.

Os textos eram declamados, todos cantados com o som de fundo, alguns dos instrumentos usados para fazer essa melodia eram as violas de arco, cítaras, flautas, alaúdes, saltérios e gaitas, soalhas.




Viola de arco
Cítara
Flauta
Alaúde
Saltério
Gaita
Soalha




































































Letícia Fernandez

segunda-feira, 1 de maio de 2017

Ciberliteratura e poetas portugueses

Também denominada literatura algorítmica, generativa ou virtual, a ciberliteratura designa aqueles textos literários cuja construção baseia-se em procedimentos informáticos: combinatórios, multimidiáticos ou interativos. Fazendo uso das potencialidades do computador como máquina criativa que permite o desenvolvimento de estruturas textuais, em estado virtual, atualizando-as até ao infinito, a ciberliteratura utiliza o computador de forma criativa, como manipulador de signos verbais e não apenas como simples armazenador e transmissor de informação.
     Deste modo, a ciberliteratura distingue-se da literatura digital(izada), constituindo esta uma hipertextualização de estratégias textuais pré-existentes, em que se verifica uma transição do papel para o pixel em termos meramente técnicos, e ficando aquela dependente de uma construção cibernética ou hipermediática que promove novos modos de escrita e de leitura. Neste sentido, interessa ao ciberautor promover as potencialidades gerativas de um algoritmo, que pode ter uma base combinatória, aleatória, estrutural, interativa ou mista, e permitindo assim o funcionamento do computador como "máquina aberta". Essa "máquina semiótica" de que nos falava Pedro Barbosa altera profundamente todo o circuito comunicacional da literatura.
     A ciberliteratura, através da literatura gerada por computador ou da poesia animada interativa, promove, portanto, a experimentação e o jogo, recriando profundamente conceitos de texto e interpretação, e laborando na senda das vanguardas históricas e dentro do espaço inaugurado pelo experimentalismo universal e intemporal da escrita, da imagem e do som.
     O meio digital apresenta-se assim como um campo vasto de possibilidades para a interligação dinâmica de elementos previamente dispersos, onde esse tecido de citações e espaço de dimensões múltiplas se materializa, engendrando-se ao nível do experimentalismo literário como uma ferramenta de ampliação de espaços e reconfigurações do pensamento, da ação e do sentimento. 
A seguir citaremos alguns poetas portugueses que utilizam de tecnologias e mídias para a realização de seus trabalhos.

Ernesto Manuel Geraldes de Melo e Castro é professor, poeta e ensaísta. É um nome consagrado na poesia experimental e visual, como infopoemas, e podemos vê-lo falando sobre esses poemas no vídeo abaixo:


A obra de Ana Hatherly evidencia a assimilação do experimentalismo internacional característico da década de 1960, designadamente através da espacialização da palavra e da exploração caligráfica da relação entre desenho e escrita, mas também uma grande versatilidade de gêneros, formas e estilos. Uma intensa auto reflexividade é visível em ciclos de permutações paródicas, no desenvolvimento de formas como o poema-ensaio e a micro narrativa, e na desconstrução de uma subjetividade feminizada. A atenção à dimensão plástica e gestual da escrita está patente quer em séries recolhidas em livro, quer nos desenhos e (des)colagens, quer ainda nos filmes e ações poéticas que realizou. A sua investigação acadêmica contribuiu decisivamente para uma revisão da leitura da poesia barroca em Portugal e para o conhecimento da história da poesia visual.
Algumas de suas obras:

















Fernando Aguiar contribuiu decisivamente para a divulgação e afirmação nacional e internacional da poesia experimental portuguesa. Em sua obra, que se inicia na década de 1970, encontramos uma intersecção singular entre escrita, pintura, instalação e performance. O desenho e os processos de inscrição da letra são desenvolvidos num constante contraponto entre a pura visualidade plástica da pintura e da colagem, por um lado, e a sua presentificação corporal através de modos de interação participativa e presencial que envolvem público, autor e signos. A presença performativa e tridimensional da letra e da palavra manifesta-se igualmente em projetos de instalação e de arte pública, como é o caso do parque Soneto Ecológico (1985, 2005), plantado em Matosinhos em 2005. A experimentação visual e sonora com a palavra ocorre ainda sob a forma de livros, mas é no desenvolvimento de uma poética da performatividade presencial do sujeito e da palavra e numa pesquisa plástica e pictórica da letra que a sua obra mais se singulariza.
Algumas de suas obras:





















Larissa de Carvalho.